sexta-feira, 5 de setembro de 2014

26-07-2014 _All Messed Up IV

Gostava de encontrar alguém que lesse as minhas palavras e as compreendesse a 100%. Se identificasse com elas. Cada palavra. Cada expressão. Cada vírgula ou ponto. Sentisse o que eu sentira no momento em que as  escrevera, como se me lesse a mim ao lê-las. Alguém que não se importasse de tentar entender-me. Que devorasse cada sílaba, mesmo que fosse amarga, mesmo que houvessem 1000 páginas cheias delas. E que no final de tudo ele e eu pudéssemos ir em busca das respostas para os nossos devaneios, pois seriam os mesmos. E juntos tudo seria muito mais fácil.
Mas haverá alguém assim? Tão louco quanto eu...?
E o que se poderia esperar de uma união assim?

26-07-2014 _All Messed Up III

Não era fácil mas tinha de admitir que em parte as coisas que o meu pai dizia ainda tinham alguma ponta onde se lhes pegasse. Há catalisadores que os fazem agir como se houvessem sentimentos quando na verdade tudo não passa de luxúria crua. O desejo de possuir algo que não temos. (Na verdade isso acontece com tudo na nossa vida...mas enfim.)
O que eu tinha sentido na noite anterior nada se tinha assemelhado ao que sentira com "ele". Talvez nem tivesse sido apenas do álcool. A euforia, o ambiente, as pessoas, tudo se conjugava num clima em que muita pouca coisa era proibida. (E eu mentiria se dissesse que no momento não tinha gostado.)
O que seria deste mundo sem regras e sociedade? Sempre me pareceram coisas falsas, prisões de mentiras com propósitos ocultos. Outrora tinha abominado essas realidades. Agora já me pareciam mais necessárias.
A derradeira escolha entre um mundo falso e um mundo selvagem. Este último pode parecer muito tentador e libertador mas não me parecia que eu conseguisse durar nele de modo permanente. Não era forte o suficiente, e só esses é que sobrevivem. Eu só podia tentar ser inteligente e astuta (coisa que às vezes não parecia mesmo nada) para poder viver no mundo que me restava.
Mas seria possível existir meio termo? -foi o que me perguntei na altura mas apercebi-me de que é lá que todos nós estamos.


26-07-2014 _All Messed Up II

A este ponto já não sabia de nada. Só que o que estava feito estava feito. Não podia esquecer, teria de aprender a viver com isso, lidar com a omissão, tentar ver o lado positivo e esperar para ver o resultado das coisas. (Ao menos estava a chegar a algumas conclusões ainda no mesmo dia...)
Não tinha sido eu que sempre dissera a mim mesma que não teria relações "sérias" e que não existiam amor ou sentimentos duradouros? Pois, não sabia se amor seria bem o termo certo a utilizar mas ao menos os eventos anteriores tinham-me feito perceber o quanto ele significava para mim. que não seria capaz de o perder ou magoar propositadamente.
Agora já sabia o meu limite, só faltava saber cumpri-lo.

26-07-2014 _All Messed Up I

Eu tinha gostado da sensação. A liberdade de dançar e de não me preocupar com o que pudessem pensar de mim. Senti-me bem.
Mas a mesma dose que me tinha concedido essa sensação tinha-me simultaneamente bloqueado todo o bom senso. Perdera a razão e agora com tudo ainda fresco na memória sentia-me como lixo. O que não era das melhores transições...
Não só porque estava cansada ,e capaz de dormir por mais dois dias, mas porque não tinha tido respeito por mim, ou sequer pensado no peso das minhas decisões e atos.
Uma bebida. Um beijo. Um segundo. E tudo podia mudar.
Só queria ser capaz de esquecer.