quarta-feira, 29 de junho de 2016

Abstrato

Estou indecisa. Outra vez. Será que alguma vez não estive? Alguém terá certezas de alguma coisa...Só filosofias, alguém deve ter escrito já um milhão de coisas sobre o assunto. Indecisões. Escolhas. Crescer. Viver, pura e simplesmente. Só a simples ação de viver acarreta uma escolha, uma que fazemos todos os dias, escolher continuar, ver o que dá.
Entre muitas tenho a indecisão de visitar a família ou ficar em casa, estudar no verão ou aproveitar para fazer tudo o que quero e não tenho tempo noutras circunstâncias, trabalhar ou somente gastar dinheiro, amar uma pessoa ou deixá-la ir, chorar ou fazer-me forte, ser querida ou já nem sequer tentar, fazer ou não fazer... Sinto-me sozinha. Ninguém compreende o caos que é a minha mente, e é normal, nem eu compreendo, nem eu sei o que quero. Mas seria demais pedir? Eu não sei bem o que quero mas quero algo, quero que a vida me dê isso, me surpreenda, quero mais do que isto, quero um romance, quero aventura, quero sentir... Quero ser arrebatada, amar muito, até doer... Quero alguém com história, com uma vida para me contar, que queira saber a minha também... Só estou para aqui a dizer treta mas sei lá, a treta que me vai na mente não pode ficar sempre aprisionada, e a algum momento tem de sair, de ser partilhada, e enquanto não tenho alguém com quem a partilhar será aqui, pela escrita, para ninguém.
Estou triste, embora já esteja em casa, voltei à minha vida, era o que queria, sonhei com ela, sonhei com as pessoas que costumavam fazer parte dela, regressei para me estatelar com a realidade, as coisas mudam, e a vida como a conhecia mudou, as pessoas foram-se embora, cada uma para o sei lado, outras ficaram, algumas que eu queria que fossem. A vida para a qual regressei já não é o suficiente, pareço uma bola de pingue pongue, de um lado para o outro, ora em casa ora na uni, não passo o tempo suficiente num lado ou outro para que me sufoque, só o suficiente para valorizar o que não tenho de momento, se estou lá desejo estar aqui e se estou aqui só penso "O que faço eu aqui?", já não chega. O estado deprimente em que me sinto prova isso. Já não chega. Podia ficar aqui sentada, ou deitada na cama, com comida feita e praticamente sem preocupações (se as ignorasse), mas o que ganharia com isso? Não consigo ser essa pessoa. Nem sei que pessoa sou mas sou alguém que quer mais.
Sonho com o campo, com plantas, música de fundo e amor...Desejo algo abstrato, sonho com o abstrato, e talvez seja melhor assim. Não sei já onde foi que li mas há coisas que são melhores se permanecidas no abstrato.